quinta-feira, novembro 09, 2006

Walking Away

História verídica. Baseada em fatos reais. Eu, em uma fria noite de primavera, caminhava tranqüilamente pelo corredor de um shopping. Na minha frente vindo na direção oposta estava uma linda garota.
Loira, olhos azuis e, como todas as outras como ela, com um namorado ao lado segurando sua mão. Surpreendentemente eu não a havia notado, mesmo estando diretamente a minha frente. Eu estava completamente desligado, distraído, imerso em meus pensamentos, sem noção alguma do que estava ocorrendo a minha volta.
Ela continuava a caminhar em minha direção e eu coçava minha orelha de maneira displicente, coçava minha orelha de maneira que seu apenas encostava minha mão esquerda em minha orelha direita.
Quando finalmente nos cruzamos eu a percebi ali linda passando ao meu lado. Foi quando ocorreu o que tornou a história digna de ser contada aqui.
Notem que eu não estava olhado-a diretamente, eu havia acabado de notá-la e olhava para o lado oposto vendo-a apenas com minha visão periférica, tanto que eu nem vi o namorado, apenas percebi a sua presença e vi sua mão.
Ela virou o rosto em minha direção, me olhou e sorriu. Simplesmente sorriu. Nesse momento eu a olhei diretamente, ela me olhou nos olhos e continuou a sorrir.
Depois ela calmamente virou seu rosto e seguiu seu caminho enquanto eu olhava para trás abismado tentando entender o que tinha acontecido.
Foi então que a paranóia tomou conta e eu em desespero virei a esquerda e entrei no primeiro banheiro a vista. Devia haver algo errado comigo, algo errado com meu rosto. Uma garota assim não olha para alguém como eu, muito menos sorri daquela maneira.
Entrei no banheiro e me olhei no espelho. Meu rosto estava ali, exatamente com havia saído de minha mãe, tirando apenas o sangue e o líquido amniótico e acrescentando um pouco mais de cabelo.
Mas a história que poderia terminar por aí continuou. Alguns minutos depois eu cheguei no ponto de ônibus. Ali estava uma outra garota nem de perto tão bonita quanto a outra, mas mesmo assim bonita, ladeada de suas duas amigas acima do peso.
Morena de olhos castanhos ela estava em pé conversando baboseiras. Eu me aproximei e suas duas amigas me olharam e rapidamente viraram seus rostos de volta para a conversa enquanto ela permaneceu impassível.
Resolvi me sentar. Passaram-se alguns segundos, eu esfregando minhas mãos de frio, quando ela virou discretamente para trás e me olhou de cima para baixo e sorriu. Sorriu daquela mesma maneira que a outra garota havia feito há pouco.
Eu, atento pela experiência recente, percebi dessa vez e a olhei diretamente nos olhos.
Sem a paranóia anterior a encarei por alguns segundos e ela sorriu de novo.
Ela virou-se para o outro lado e logo depois entrou no primeiro ônibus que passou.
O qual infelizmente não era o meu.

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