domingo, novembro 07, 2010

Um Olhar do Paraíso

Tudo o que poderia dar errado deu.

Depois de comandar super produções de abocanhar vários Oscars com a trilogia O Senhor dos Anéis e com King Kong, Peter Jackson tentou voltar a um gênero mais intimista, que o havia consagrado na Nova Zelândia com o surpreendetemente tocante Almas Gêmeas. Mas, dessa vez, com um resultado catastrófico. Um Olhar do Paraíso é catastrófico.

O tema, de início, já era complicado de se tratar, porém a delicadeza com que o livro original conseguiu retratar o caso de estupro e assassinato de uma garota de 13 anos somada à delicadeza de Peter Jackson em Almas Gêmeas, além dos grandes nomes do elenco, prometiam um grande filme.

O que eu assisti foi repulsivo. Total e completa repulsa, já no final do filme na sua tentativa de “final feliz” o que ele conseguiu despertar em mim foi nojo. Eu não vou revelar o final, para você masoquista o suficiente para ir assisti-lo, mas a maneira que ele foi construido parede ter sido de improviso.

Ficou a sensação de que a ordem da montagem foi alterada de última hora para atender algum desmando do estúdio para uma conclusão mais feliz. Pelo menos é essa impressão que ficou na minha cabeça, pois não consigo imaginar como uma pessoa poderia efetivamente escrever aquilo.

O resto do filme é todo descartável, não só o fim. Jackson se perdeu em efeitos especiais e esqueceu de contar a história. O roteiro como um todo, a fotografia, e a trilha sonora são todos desastrosos e mais contribuem para atrapalhar do que para construir o filme.

Os atores fazem o que podem com um roteiro ruim e raso e um diretor mais preocupado com a tela verde do que em dirigi-los. Mesmo a caracterização clichê e ridícula do vilão da história consegue funcionar pela força da atuação por debaixo de tanto equívoco.

Um Olhar do Paraíso poderia mudar seu nome para “Um Olhar do Inferno” e ser lembrado apenas como exemplo de como não se fazer um filme.

2/5

Nosso Lar

Antes de qualquer coisa eu devo dizer que eu sou espírita. E, sendo espírita, minha visão sobre o filme pode ser parcial, mas sem deixar de ser crítica. A história do homem ateu que morre e se encontra no pós-vida me tocou mais que ao espectador comum, e as cenas do “purgatório” foram particularmente perturbadoras. Mas eu não deixei de ver o filme como ele é, e ele é apenas mediano.

A mega produção é bastante eficiente tecnicamente, os efeitos especiais nunca deixam de serem convincentes e você acredita que tudo aquilo pode ser real. Mas as qualidades param por aí.
A trilha sonora feita por Philip Glass (indicado ao Oscar pela música de As Horas) chega a ser irritante de tão intrusiva. Parece que os produtores quiseram tanto fazer valer o dinheiro gasto na contratação de um compositor de renome internacional que acabou exagerando. Já as atuações são um misto de padrão Globo com canastrice, mas que acabam funcionando dramaticamente.

Isso não quer dizer que o filme não funcione ou que seja ruim, ele não é. A história funciona e comove. Apesar das falhas no desenvolvimento da trama, um problema recorrente em adaptações literárias que acabam ficando episódicas e sem rítimo. Algumas sequências parecem ter sido jogadas aleatoriamente no filme, sem acrescentar absolutamente nada, como parte sobre a segunda guerra mundial. E o tom doutrinário, que é, afinal, o objetivo do livro espírita, acaba não ajudando muito.

O objetivo do livro espírita é evangelizar e mostrar para alguém que já segue a religião como é a da vida pós-morte e como é o funcionamento da doutrina na prática. Aí o fato de eu ser espírita acaba ajudando na crítica, pois eu sei o quão melhor a história poderia ter sido contada, mas não foi devido às falhas no desenvolvimento do roteiro.

Mas, no fim, acho que o principal ponto positivo do filme é que, mesmo sendo um filme essencialmente religioso consegue o ser sem soar moralista ao extremo. O filme inclusive chama atenção pra esse fato na fala de uma personagem que reclama do tom moralista das pessoas em Nosso Lar. Mas isso surge mais como uma ironia do que como um fato real, existem filmes por aí, mesmo não sendo abertamente religiosos, que conseguem ser muito mais, chegando ao ponto do ofensivo. E digo isso de filmes americanos de grande bileteria e nem um pouco religiosos.

3/5

terça-feira, novembro 02, 2010

A Mentira do Mapinha Azul e Vermelho

Mesmo sem os votos do norte e nordeste a Dilma ganharia... Esse mapinha vermelho e azul é muito simplista e leviano até. Onde o Serra ganhou ele ganhou por uma margem muito apertada. Muito apertada. Só a vantagem que a Dilma teve em Minas e no RJ já seriam suficientes pra ela ultrapassar a vantagem que o Serra teve em São Paulo, Centro-Oeste e em todo o Sul, onde a vantagem do Serra foi maior, e ainda sobravam 300 mil votos de vantagem...

O que deu a vitória da Dilma não foi o nordeste, o nordeste só ampliou a vantagem. Mesmo porque não tem como o nordeste eleger ninguém, o NE inteirinho tem o tamanho eleitoral só de São Paulo, se São Paulo tivesse votado só no Serra e o nordeste inteiro só na Dilma o Serra levava. Não foi o que aconteceu, a Dilma teve uma votação forte e consistente em todo o Brasil. Em todos os estados e regiões Dilma teve uma votação muito alta. Ao contrário do Serra que só foi bem votado no Sul.
Essas manifestações são consequência do clima belicoso e criminoso que foi colocado na campanha de ódio e medo que o Serra fez. E a mídia apoiou, e continua apoiando quando divulga esse tipo de dado como se a Dilma só tivesse ganhado no nordeste.
Esse tipo de coisa é pra tentar esconder que o Serra teve um desempenho terrível mesmo em São Paulo e o fato de ele não ter conseguido um único eleitor a mais do que os eleitores naturalmente psdbístas. Pra comparar o Serra teve, no segundo turno, praticamente a mesma votação que o Alckmin teve no primeiro turno! Tanto no eleição pra presidente anterior, quanto na de governador desse ano.
O PSDB está estagnado onde era forte e perdendo espaço no resto do país todo. A única salvação talvez fosse o Aécio, que já está de saco cheio do PSDB, foi contra o Serra, mesmo quando parecia apoiar, e quer cair fora o mais rápido possível (Apesar do problema pro país com crescimento do Aécio, canalha, que censura a imprensa mineira, impede a divulgação de que é viciado em cocaína, a ponto de ter várias overdoses, pede cabeça de jornalistas, enfim, quase a mesma coisa que o Serra, com o agravante da cocaína).
Enquanto o DEM perdeu quase tudo, o que ele ganha mudando de nome a cada 2 anos (ARENA, PFL...) ele perde de novo no próximo escândalo de corrupção. Na Bahia, ACM Neto, amargou a terceira colocação na eleição pra prefeito de Salvador 2 anos atrás.
O Nordeste vota em peso no PT porque nínguém nunca olhou pra lá, nunca. Vivia estagnado e na miséria, enquanto hoje as taxas de crescimento estão na mesma faixa do crescimento chinês. Desenvolvimento econômico, emprego, erradicação da miséria e elevação social contra estagnação, desemprego, miséria, mortalidade infantil, desnutrição e morte da era ACM/PFL/DEM. Por que diabos eles iriam votar neles de novo?

E pra quem quiser ler mais sobre o assunto, aqui tem uma excelente análise sobre os resultados: http://politicando.blog.br/?p=1222