quarta-feira, dezembro 05, 2012

Moonrise Kingdom


Quando eu assisti a Viagem a Darjeeling, disse que seu principal problema era que o diretor havia ficado mais preocupado com o seu próprio estilo, desenvolvido ao longo de alguns belos e interessantes filmes, do que em contar uma história.
Se nos seus filmes anteriores Wes Anderson havia equilibrado seu estilo visual peculiar a roteiros ainda mais peculiares de forma equilibrada, aqui ele havia se esquecido do roteiro e se concentrado apenas na experiência visual, se esquecendo do roteiro. Criando, assim, um filme plasticamente belo, mas vazio e estéril.
Em Moonrise Kingdom ele volta a criar uma história envolvente, encantadora e peculiar, não se concentrando apenas na plasticidade imagética do filme. Apesar de um início irregular, onde parece que o filme mais uma vez se concentraria em criar “planos bonitos” em detrimento de seu conteúdo, ele engrena e você passa a se importar e identificar com a história sendo contada.
Todo ambientado em uma ilha, nos anos 60, o filme conta a história de um pequeno e esquisito casal de 12 anos que resolve fugir junto, disparando uma busca pelo seu paradeiro.
Recheado de figuras disfuncionais em situações atípicas, fica difícil entender o motivo dos dois protagonistas serem considerados estranhos e excluídos pelos outros. Todos os personagens, dentro e fora da ilha, são igualmente não convencionais.
O que não prejudica o filme, pelo contrário, colabora com o tom da trama. E por mais bizarro que aquele universo possa parecer, é isso que mantém a verossimilhança da história.
Contando com vários dos seus atores habituais, a atuação que realmente chama a atenção é a do casal protagonista. É a química entre os dois e os seus carismas que garantem a identificação com o filme, já que o diretor opta sempre por manter o distanciamento do espectador.
Tecnicamente o filme não deixa a desejar, como esperado ele é plasticamente belo. Mesmo contido na maior parte, possui alguns planos de uma beleza singela e evocativa.
Ainda assim, em alguns momentos, a técnica e o estilo do filme chamam mais atenção do que deveriam e tiram o espectador da história. O espectador nunca esquece que está vendo um filme, sempre que ele começa a entrar na história o diretor faz algo para retirá-lo.
Moonrise Kingdom é um filme encantador, mas que seria beneficiado imensamente caso tivesse sido dirigido por outra pessoa. Caso contrário é apenas mais um filme do Wes Anderson.