quarta-feira, novembro 08, 2006

Killer Cars

Killer Cars


Como isso era possível ele não sabia. Quando acordou a escuridão o permitia ver apenas algumas estrelas opacas, mas o som das ondas e o cheiro da maresia não deixavam dúvidas de onde ele estava.
A água batendo em seus joelhos, as mãos e os pés amarrados.
Podia sentir o gosto de sangue em sua boca e ele tinha certeza que o líquido escorrendo de sua cabeça não era água.
Porque e como ele havia chegado ali não eram importantes, o que importava era que a água já estava no meio de sua coxa e continuava a subir.
Juntou todas as forças que pôde e se debateu de todas as maneiras, puxou, empurrou, tentou deslizar pelas cordas. Só conseguiu ficar cansado.
Ele parecia estar preso a um pilar de madeira e seja lá quem o amarrou fez um bom trabalho.
Porém a adição de madeira com água não tem o melhor dos resultados, por isso ele insistiu.
Ele estava prestes a desmaiar, não tinha mais forças nem para pensar no que estava fazendo, a água já batia em seu pescoço quando ouviu um inconfundível som de quebra. A pilastra havia se rompido.
Mais alguns momentos de luta e suas mãos estavam livres.
Ele mergulhou, desesperado para livra os seus pés, sentindo o sabor doce em sua boca. Doce?
Ele definitivamente não estava no mar. O que será que era aquilo?
Com seus pés finalmente livres ele olhou para os lados mas sem enxergar nada. Para que lado ir?
O desespero tomou conta quando ele quando ele já precisava ficar nas pontas dos pés para respirar. Escolheu um lado qualquer e foi.
Não sabia há quanto tempo andava, foi obrigado a começar a nadar. Nem sabia se nadava em linha reta, nem sabia se ia na direção correta.
Foi quando sua cabeça bateu em algo. Uma parede. Suas mãos percorreram a superfície lisa. Não havia como escalar e nem uma borda ao alcance.
Tentar o outro lado estava fora de cogitação, não tinha forças para isso. Decidiu, então, seguir a parede.
Nadou pelo que parecia uma eternidade e nada de encontrar uma borda.
Então ele bateu a cabeça pela segunda vez. Para seu azar e infelicidade na parte de cima.
O local possuía uma tampa do que parecia ser vidro.
Por mais que ele lutasse já era tarde demais, a água já cobria sua cabeça e em poucos minutos ele estava morto.
Antônio observava tudo de um monitor. Uma luz verde cobria sua face.
- Satisfeito? – ele ouviu vindo de suas costas.
- Sua outra metade será depositada na conta combinada logo pela manhã. – respondeu enquanto saia.

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