quinta-feira, maio 11, 2006

Encontrando Mirtes

Hoje eu fui até a rodoviária para marcar a passagem de volta para casa no fim de semana e quando estava voltando uma velhinha, que não era tão velhinha assim, pediu ajuda para atravessar a rua já que ele tinha pavor de ruas movimentadas. Até aí tudo bem, o problema foi que ela era uma daquelas mulheres que costumam contar suas vidas inteiras para completos estranhos na fila do supermercado.
Consequentemente nos sete minutos que levaram entre atravessar a rua, ir até o ponto e esperar o ônibus eu fiquei sabendo toda a biografia da mulher. Em sete minutos eu já sabia quantos filhos ela tinha, onde eles moravam, quantos anos eles tinham e o que faziam, o exato endereço de onde ela morou em Bauru e muito mais.
O pior dessas situações não é a história em si, mas que essas mulheres sempre são verdadeiras Mirtes e com elas nenhuma lógica faz sentido e a razão não funciona.
Segue um trecho do meu dialogo com ela:

V: Você mora e estuda aqui?
Eu:
Sim, eu estudo aqui.
V: Meu filho também estuda aqui, o Jean. Você conhece ele?
Eu: Não.
O que eu goataria de ter respondido: Claro! Eu conheço cada um dos 40 mil alunos da UNICAMP!!
V: Ele tem o cabelo lourinho, assim.
Eu: Não. Não conheço.
O que eu goataria de ter respondido: Claro! Eu conheço cada um dos 6 mil alunos da UNICAMP com o cabelo lourinho assim.
V: Você vai visitar sua mãe no dia das mães?
Eu: Vou.
V: [...] Você é de que cidade?
Eu:
Bauru.
V:
Ah! Eu morei lá 19 anos, ali na Gerson França. Conhece?
Eu: Conheço.
O que eu goataria de ter respondido: Conheço. Mas só porque você teve a sorte de ter morado numa das únicas três ruas da cidade que eu efetivamente sei o nome.
V: Agente tem um amigo lá. Um japonês, o Sato, amigo de infância do Jean. Você conhece?
Eu: Não.
O que eu goataria de ter respondido: Claro!! Eu conheço cada um dos 350 mil habtantes de Bauru, ou melhor cada um do 40 mil descendentes de japonês da cidade, sendo que eu não sei nem o nome do meu visinho, que por sinal é japonês!

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