sábado, novembro 17, 2012

Looper

Pelo menos uma vez por ano eu revejo A Ponta de um Crime. É um filme subestimado e pouco reconhecido. É um frande filme em todos os aspectos, é muito bem dirigido, magnificamente bem escrito e extremamente bem atuado (o que é particularmente digno de nota, já que todo o elenco é adolescente).
A cada vez que revisito o filme eu descubro algum novo detalhe, alguma pequena cosia que eu não havia percebido nas outras vezes. Apenas os bons filmes permitem isso.
O filme é rico e complexo, mas ao mesmo tempo despretensioso.
Por isso que eu estava extremamente ansioso para assistir Looper: Assassinos do Futuro, do mesmo diretor e roteirista Rian Johnson.
Não só por ser escrito e dirigido por ele, já que ele fez um filme medíocre entre os dois, mas por trazer uma intrigante premissa de ficção científica que já havia me atraído por si só.
E Looper é um puta filme (esse é o termo técnico), não só uma puta ficção científica. Pelo menos depois que você supera a maquiagem que Joseph Gordon-Levitt usa para se parecer mais com Bruce Willis.
Apesar do subtítulo nacional, Loopers não são assassinos do futuro, são assassinos do presente (que no caso é o nosso futuro) especializados em matar alvos do futuro, que são enviados 30 anos ao passado (o presente da história) para serem eliminados sem deixar rastros.
Com um detalhe macabro, quando o chefão resolve encerrar seu contrato ele envia sua versão 30 anos mais velha ao passado para ser assassinado por si mesmo.
Quando chega a vez de Gordon-Levitt matar sua versão 30 anos mais velha, Bruce Willis, as coisa ficam um pouco mais complicadas.
O diferencial de Looper é que ele não deixa a ação, e a caçada que o filme se torna, jogar fora as implicações e reflexões geradas pelo sempre complexo tema da viagem no tempo.
As ficções científicas ultimamente apenas usam seu conceito como desculpa para fazerem um filme de ação, para logo depois deixar de lado qualquer questão ou consequência levantada no início. Pouco importando aquilo é ou não uma ficção científica, se se passa no futuro, se possui gadgets super tecnológicos, para apenas retratar explosões em sequência.
Ou não se mantém a altura das promessas embutidas na premissa (oi, Prometheus).
Looper não faz uma coisa nem outra. É um filme corajoso, que não foge às implicações de sua premissa, mesmo que isso leve a um final pouco atraente comercialmente.
Sem nunca deixar de ser um atrativo filme de ação.
Com uma atenção aos detalhes digna do diretor de A Ponta de um Crime, por mais que viagens no tempo sempre deixem uma série de buracos, o filme se sustenta excelentemente bem o tempo todo. E merece múltiplas visitas.
Tecnicamente o filme é belíssimo. Não só a fotografia, mas o design de produção e os efeitos visuais, que fazem daquele futuro algo real.
As atuações são todas impecáveis. Desde os veteranos, até os remanescentes de A Ponta de um Crime.
Mas, finalmente, eu chego no motivo principal de eu escrever essa resenha.
Se não tivesse nenhuma dessas qualidades que eu acabei de descrever o filme todo valeria a pena mesmo assim devido a uma única sequência.
A rápida sequência que conta a transformação de Gordon-Levitt em Willis é linca, poética, triste e dramaticamente carregada.
Como a sequência em animação em Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 1, que rouba a cena por sua beleza. Ou como a sequência de Up, que conta uma vida em poucos minutos.
E mais uma vez Rian Johnson teve um filme que foi menos apreciado do que deveria, recebendo bem menos atenção que o inferior, mas mais pretensioso, Prometheus.

2 comentários:

  1. Quando vi o trailer de Looper, eu me senti fascinada pela coisa toda. Eu sabia que gostaria (e ainda acho que vou gostar. Putz, se eu não gostar será até engraçado).

    E, espera, há algum problema em curtir, muito, Brick? Vish...

    Agora estou curiosa para ver a poesia da sequência que você mencionou. Quer dizer, você meio que comparou a beleza da sequência com a animação-estilo-teatro-chinês-de-sombras de Relíquias da Morte, né? A sequência tem de ser foda. E também citou Up e aquela sequência que foi feita para fazer todo mundo chorar, de tão sublime que é.

    Mas acho que o melhor do texto foi a parte em que você falou mal de Prometheus. Tenho mais esperança na humanidade quando percebem que esse filme prometheus, prometheus, mas não cumpriu.

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  2. Não há problema em curtir Brick, todo mundo que assiste curte. O problema é que ninguém assiste.

    E a sequência não é animação, agora que eu percebi que eu comparei com suas sequências de animação e pode ter ficado confuso...
    Mas a beleza dela me remeteu a essas duas sequências.

    Mas não precisa ser tão cruel com Prometheus, ouvi dizer que a quinta versão do diretor, especial 15 anos, vai ser a melhor de todas e explicar todas as pontas soltas.

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