domingo, novembro 07, 2010

Nosso Lar

Antes de qualquer coisa eu devo dizer que eu sou espírita. E, sendo espírita, minha visão sobre o filme pode ser parcial, mas sem deixar de ser crítica. A história do homem ateu que morre e se encontra no pós-vida me tocou mais que ao espectador comum, e as cenas do “purgatório” foram particularmente perturbadoras. Mas eu não deixei de ver o filme como ele é, e ele é apenas mediano.

A mega produção é bastante eficiente tecnicamente, os efeitos especiais nunca deixam de serem convincentes e você acredita que tudo aquilo pode ser real. Mas as qualidades param por aí.
A trilha sonora feita por Philip Glass (indicado ao Oscar pela música de As Horas) chega a ser irritante de tão intrusiva. Parece que os produtores quiseram tanto fazer valer o dinheiro gasto na contratação de um compositor de renome internacional que acabou exagerando. Já as atuações são um misto de padrão Globo com canastrice, mas que acabam funcionando dramaticamente.

Isso não quer dizer que o filme não funcione ou que seja ruim, ele não é. A história funciona e comove. Apesar das falhas no desenvolvimento da trama, um problema recorrente em adaptações literárias que acabam ficando episódicas e sem rítimo. Algumas sequências parecem ter sido jogadas aleatoriamente no filme, sem acrescentar absolutamente nada, como parte sobre a segunda guerra mundial. E o tom doutrinário, que é, afinal, o objetivo do livro espírita, acaba não ajudando muito.

O objetivo do livro espírita é evangelizar e mostrar para alguém que já segue a religião como é a da vida pós-morte e como é o funcionamento da doutrina na prática. Aí o fato de eu ser espírita acaba ajudando na crítica, pois eu sei o quão melhor a história poderia ter sido contada, mas não foi devido às falhas no desenvolvimento do roteiro.

Mas, no fim, acho que o principal ponto positivo do filme é que, mesmo sendo um filme essencialmente religioso consegue o ser sem soar moralista ao extremo. O filme inclusive chama atenção pra esse fato na fala de uma personagem que reclama do tom moralista das pessoas em Nosso Lar. Mas isso surge mais como uma ironia do que como um fato real, existem filmes por aí, mesmo não sendo abertamente religiosos, que conseguem ser muito mais, chegando ao ponto do ofensivo. E digo isso de filmes americanos de grande bileteria e nem um pouco religiosos.

3/5

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