quinta-feira, novembro 15, 2007

A Greve

Hoje eu venho excepcionalmente postar no lugar da Thaty, que não pôde estar aqui por motivos de força maior, para falar da greve que está abalando Hollywood.

No fim da semana passada o contrato do Sindicato dos Roteiristas com as grandes companhias do entretenimento venceu, e o sindicalistas decidiram entrar em greve. O motivo não é nenhum mistério; é exatamente o mesmo de qualquer outra greve: dinheiro.

Com a importância cada vez maior do mercado de DVD's e a entrada de novas mídias (como os downloads de séries e filmes pela internet), os roteiristas querem um pedaço do bolo. Eles pedem parte dos lucros obtidos com essas novas mídias, mas os estúdios, diante da queda sistemática da audiência na t.v. e das bilheterias nos cinemas, não querem abrir mão da sua única fonte de renda certa. O conflito está formado. Sem nenhum dos lados querendo ceder, e com o fim do contrato anterior, a greve começou.

"Mas e daí, o que eu tenho a ver com isso?" você pode perguntar. Se você é um freqüentador esporádico dos cinemas e só liga a televisão para assistir a Malhação, realmente nada. Mas se você é um acompanhante assíduo de séries, como eu, ou um morador dos EUA, desde já você começa a sentir os efeitos.

Os primeiros a caírem foram os programas de humor como Tonight Show e Saturday Night Live, e as novelas americanas. Agora, se a greve se estender muito, a coisa começa a se complicar. O spin-off de Heroes, Heroes: Origins, já foi cancelado, e mesmo a série original teve que gravar um final alternativo para o meio da temporada, caso a greve continue; 24 Horas teve sua estréia adiada indefinitivamente; Prison Break sairá do ar na próxima semana; Grey's Anatomy já teve seu último episódio escrito gravado; Lost pode ser que volte só em 2009; e várias outras séries ameaçam ser interrompidas.

As redes de televisão já começam a investir em um aumento na produção dos reality shows e a estudar a importação de produções britânicas. E a coisa fica cada vez pior, já que alguns atores começaram a se juntar aos roteiristas nas manifestações e não apareceram nas gravações.

Os filmes estão seguros caso a greve não seja muito longa, mas a última grande greve durou 22 semanas, o que torna o problema bastante real. Aqueles com os roteiros já prontos começam a ser gravados agora e no começo do ano que vem, mas sem roteiros novos as produções começam a parar, o que pode prejudicar bastante a temporada de 2009.

Outro ponto importante da greve é a luta por status. Sempre os roteiristas foram vistos como uma categoria inferior, abaixo de diretores e atores. O que eles querem é o reconhecimento de sua importância, afinal de contas diretor nenhum faz milagre com um roteiro ruim e um ator não passa de um instrumento. Eles estão tentando mostrar que eles são tão importantes quanto os diretores, e quem sabe até mais, porque sem eles nós somos obrigados a assistir apenas os Big Brothers da vida. E isso ninguém merece.

Mas o que está realmente aterrorizando todo mundo é que no ano que vem os sindicatos dos atores e dos diretores também passam a renegociar os seus contratos e a briga é a mesma. Eles também querem participação nos DVD's e nas novas mídias.

Isso pode muito bem virar um greve generalizada e nada mais de filmes ou séries. E aí até você, que só vai ao cinema de vez em quando levar a namorada, pode ser ver obrigado a assistir pela terceira vez a Xuxa e os Duendes VII: A Revanche.

*Post republicado do site RDN.

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